Em casa, sozinha, completamente sozinha.
Vazia, oca por dentro.
Sem calor, só um grande buraco que fica cada vez mais fundo.
Um poço sem fim.
Uma queda infinita.
Pensamentos essenciais e originários povoam a cabeça.
Qual o sentido da existência?
Pergunta difícil, mas impossível de não ser feita.
Vida é passagem, mas como fazer dessa jornada uma viagem que valha a pena?
Qual o valor de uma vida?
Como saber se o que se viveu era tudo o que se tinha para ser vivido?
Perguntas com infinitas respostas, infinitas possibilidades.
Viver é se abrir para o Mistério.
Morrer é mergulhar no Mistério.
Na morte não há perguntas, só fechamento.
As perguntas ficam para os vivos, as respostas morrem com os mortos.
Os viventes abrem as bocas para questionar e dos mortos só se ouve o silencio do puro e indecifrável Nada.
As perguntas movem o mundo e as respostas não são dadas pela morte.
O que nos mantém vivos é o ponto de interrogação que a vida/morte nos coloca a cada momento.
O Mistério.
Ele é a fonte vital e fonte de angústia.
O homem vivo é um eterno angustiado.
Deixemos a paz para os que morreram.