O que fica é o que de mim nos outros permaneceu vivo

Quando eu sumir,

O que será que restará de mim?

Nada, absolutamente nada.

O que fica é o que de mim nos outros permaneceu vivo.

Me sinto morta, um pouco morta,

Como se a vida em mim tivesse sido extinta.

Continuo caminhando, morta-viva.

Zumbi, sedenta de sangue amargo que não corre mais nas veias de minha mãe.

Olho as fotos de minha mãe morta.

Tento trazer com esforço para as 3 dimensões o que restou,

Não consigo alcança-la mais.

Nunca vou poder tocá-la de novo,

Não vou ver seus cabelos ficarem brancos 

E ela nunca vai ver seus netos.

Nunca mais tocarei em sua pele.

Sua voz, suave e firme, nunca mais  vibrara.

Nunca mais ouvirei seus conselhos e nem sentirei o peso de seu olhar  duro- zeloso.

Ovelha desgarrada é o que sou.

Filha sem pátria é o que sou.

Mulher incompleta é o que sou.

Perdi minha mãe e anseio para o dia em que possa caminhar novamente em terra firme e espontaneamente me pegue dizendo :  hoje foi um bom  dia!

Tudo o que ficou é um  buraco,

Enorme,

Um abismo… 

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