O dia que meu primo cometeu suicídio

Entro no escritório de meu pai

Ele sentado, cabisbaixo 

Sai de sua boca uma frase letal e atordoante:

Seu primo morreu…

se matou.

O silêncio pesado, então se faz

Sinto cheiro de morte no ar

Penso no meu primo.

Penso na morte de minha mãe 

Penso em minha própria morte

Qual o sentido da vida?

Morrer  é o desfecho único e possível.

Acabar com a própria vida, que desperdício!

Nisso, olho e vejo meu cachorro farejando o tapete,

Com a calma e a exatidão que só os animais têm,

Sua vida de cão continua intacta, apesar da trágica noticia que pairava no ar

Que inveja do bicho,

Que nasce e morre cachorro, sempre cachorro.

E eu? Nasci sem saber o que sou e tenho a impressão que vou morrer tentando me descobrir.

Acho que a vida do homem é assim: uma busca desenfreada pelo sentido de sua existência.

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